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domingo, 30 de novembro de 2014

O que se pretende esconder com a visita de Elías Jaua ao Brasil?

 Graça Salgueiro

Entre os dias 20 e 31 de outubro o vice-presidente e ministro do Poder Popular para os Movimentos Sociais da Venezuela, Elías Jaua Milano, conhecido como o “protetor de Miranda”, estado venezuelano do qual foi governador, esteve visitando o Brasil como já é de conhecimento de todos. Segundo informações dadas por ele, a visita tinha como objetivo “um encontro com o Movimento Sem-Terra (MST) e assinatura de acordos em matéria de formação para a liderança local e de organização produtiva de comunidades. Em segundo lugar, explorar com a Prefeitura de Curitiba convênios de capacitação, e finalmente, reuniões com empresas de medicamentos para agilizar a importação dos mesmos”.

No dia 24 de outubro a babá dos filhos de Jaua foi presa no Aeroporto de Guarulhos, pois trazia em sua bagagem de mão um revólver calibre 38, o que no Brasil se configura como crime de tráfico de armas. Yaneth del Carmen Anza disse que desconhecia o conteúdo da bagagem, pois seu patrão havia lhe pedido que trouxesse uma maleta de mão com “documentos” que havia esquecido em casa e que iria necessitar. As informações se contradizem, pois a babá afirma que não sabia da existência da arma lá, enquanto Jaua afirma que teria telefonado fazendo o pedido mas “alertando” para que tirasse a arma e que os documentos eram para os trâmites do hospital em que sua esposa estava internada.

Yaneth veio acompanhada da sogra de Jaua, num avião da PDVSA, a estatal petroleira, do mesmo modo que Jaua, pois a Nomenklatura serve-se dos bens do Estado como se fossem de sua propriedade, com a alegação de fazer companhia à esposa do ministro que estava internada no Hospital Sírio Libanês, não se sabe desde quando nem para que tipo de tratamento. Yaneth foi presa e fichada, sendo liberada no dia 31 através de um pedido de habeas corpus, cujo advogado não é mencionado em lugar nenhum, mas podemos imaginar quem foi esse “abnegado”.

Na Venezuela, onde os meios de comunicação há décadas foram seqüestrados, a notícia das visitas indesejáveis ao Brasil só tornou-se conhecida por causa do incidente da babá, caindo como uma bomba sobretudo pelo uso dos aviões da PDVSA que passara a servir a interesses pessoais, uma vez que não foi visita oficial. Jaua limitou-se a emitir uma nota pública afirmando que a arma era de seu uso pessoal, mas não explicou por que usou, para ele e acompanhantes e depois para a babá e a sogra, um bem do Estado sem o conhecimento dos cidadãos venezuelanos. 

Os jornais brasileiros informaram que houve um certo desconforto no Itamaraty que afirmou não ter sido notificado da visita de Jaua, o que faz sentido pois o chanceler de fato é Marco Aurélio Garcia que deve ter sido informado da “visita”. E comenta-se que a Srª Rousseff mostrou-se “indignada”. Entretanto, não é segredo para ninguém que o MST é o braço armado do PT, que seus militantes já tiveram treinamento com elementos das FARC e que, embora não sejam membros oficiais, participam, junto com partidos e organizações comunistas de vários países, inclusive a Venezuela, dos Encontros do Foro de São Paulo. É possível que o Itamaraty de fato desconhecesse essas visitas não-oficiais e tenha qualificado como “ingerência em assuntos internos do país”, mas certamente teve o conhecimento e apoio do PT que é acostumado a agir do mesmo modo nos países-membros do Foro de São Paulo.

Na tal maleta apreendida pela Polícia Federal havia uma quantidade enorme de papéis e documentos sobre as eleições parlamentares venezuelanas, dentre os quais encontrava-se um ensinando como fazer a “revolução socialista” com itens como “identificar e neutralizar o inimigo”, quer dizer, o opositor ao governo.

Na Venezuela a indignação das pessoas está no fato de Jaua ter feito essa viagem, com direito a babá e sogra, usando um bem público para fins pessoais, com liberação ilimitada de dólares pelo CADIV. Para nós brasileiros, entretanto, a leitura deve ser de outro matiz e a meu ver muito mais grave. Estávamos em plena campanha para o segundo turno e a visita estendeu-se até depois das eleições. Que garantias nós temos de que Jaua não veio preparar o braço armado do PT para um levante, caso não se pudesse fraudar o resultado? Os coletivos venezuelanos, que já são mais de 100, armados até os dentes e todos a serviço do PSUV (partido do Governo), sempre declararam que estavam prontos para “incendiar” a Venezuela caso Chávez, e depois Maduro, não vencessem as eleições. Preparar esta gente do MST para a “revolução socialista” deve fazer parte dos acordos internos, aqueles que só o núcleo duro do Foro de São Paulo participa, para o Brasil neste segundo mandato da Srª Rousseff.

Devemos, pois, estar preparados para o que vem a partir do próximo ano, pois o que a imprensa nacional e estrangeira tem divulgado é que o MST “está insatisfeito com o governo” para distrair a população sobre os acordos internos que são tramados assim, como essa visita de Jaua e comitiva ao Brasil. Tudo teria passado despercebido se não fosse uma serviçal fiel mas tonta, que acreditou que seu patrão tinha poder sobre o céu e a terra.



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